Documento foi enviado do ministro da Fazenda, Guido Mantega em 31/01/2012
RIO – Esta é íntegra da carta de Luiz Felipe Denucci Martins, demitido da presidência da Casa da Moeda, enviada ao ministro da Fazenda, Guido Mantega:Excelentíssimo senhor ministro,
Há quase quatro anos fui convidado por Vossa Excelência para presidir a Casa da Moeda do Brasil.
O cenário apresentado era ruim. Parque industrial sucateado. Capacidade de atender a demanda crescente de cédulas e moedas pelo Banco Central, esgotando-se entre 2008 e 2009.
Recordo-o que minha primeira reação ao convite foi recusar. Voltei atrás. Aceitei com o sentimento do imenso desafio que iria enfrentar.
Os resultados de 2007 eram baixos: lucro líquido em cerca de 28 milhões de reais, receita em torno de 450 milhões de reais.
Para dar início, tive a promessa de uma dotação orçamentária para investimentos, em 2009, de 330 milhões de reais. A crise econômica fez com que este montante fosse totalmente cortado.
Acrescentava-se que só um cliente concentrava cerca de 80% da receita. Em qualquer empresa esta centralização é uma dificuldade de grandes dimensões.
Meus companheiros e eu nos lançamos ao desafio de implantar novos nichos de mercado para que pudéssemos financiar de forma auto-sustentada o investimento necessário a uma empresa moderna tanto em termos comerciais como financeiramente.
Na última, 27 do corrente, pude assinar os documentos finais do balanço da empresa para 201 l: lucro líquido de 517 milhões de reais e faturamento de 2,7 bilhões de reais, em números globais.
Estes resultados significam que, do início da gestão até o momento, o lucro líquido foi 20 vezes maior e o faturamento, seis vezes maior.
Austeridade nos gastos, arrojo no crescimento, é como classifico o marco de referência que definiu o quadro evolutivo obtido.
Novos desafios, com uma empresa exemplar em termos comparativos com outras que atuam no mesmo ramo, me permite afirmar que a possibilidade de retrocesso seja mínima. Vejo um futuro cada vez mais promissor para a Casa da Moeda.
Em novembro de 2011, quando já tínhamos indicativos do desempenho do ano em curso, pude afirmar aos membros do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e da Diretoria Executiva, que estava se encerrando uma etapa , a da virada, na vida desta empresa que opera de forma contínua há 317 anos.
Fui alertado pelo que viria. A performance alcançada levaria a ataques e tentativas de desconstruir uma administração moderna, rigorosa e ao mesmo tempo exitosa.
O cenário de pressões tem sido crescente. Há cerca de duas semanas, pedi ao embaixador Sergio Bath, seu assessor especial, que lhe comunicasse o meu desejo de colocar a sua disposição o cargo para o qual fui convidado.
Além do sentimento de dever cumprido nesta fase, outro, grave, me levava à iniciativa: pressões que ultrapassavam o desempenho institucional.
Volto à última sexta-feira, 27 do corrente, quando outro fato relevante na gestão que chefio ocorreu: a aprovação em assembleia do Acordo Coletivo de Trabalho referente ao biênio 2012-2013. O mesmo representa recuperação e reconhecimento ao esforço da família moedeira na reconstrução da CMB. Por parte do Estado, a tranquilidade que não haveria descontinuidade nos serviços e produtos fundamentais ao seu bom funcionamento.
Balanço fechado, acordo coletivo de trabalho aprovado, parque industrial modernizado, tecnologia de ponta em todas as suas atividades e perspectivas de novos nichos de mercado, tanto dentro do país como no exterior, me dão a garantia que a missão correspondente à recuperação da grandeza com sustentabilidade da Casa da Moeda do Brasil foi atingida.
Agradeço, principalmente, à família moedeira o apoio indispensável que recebi. Dedico a ela os resultados obtidos.
Sinto-me honrado em ter tido a oportunidade de servir à Casa da Moeda do Brasil, ao governo federal e ao país.
Renovo meus protestos de estima e consideração.
Atenciosamente,
Luiz Felipe Denucci Martins,
Presitente
Att
Diretoria de Comunicação do SNM