JUNTOS CADA VEZ MAIS FORTES POR UMA CASA DA MOEDA DO BRASIL 100% PÚBLICA
No dia 19 de maio de 2020 encerramos uma duríssima batalha. Sem vencedores ou perdedores, a categoria majoritariamente deliberou pela aceitação da proposta encaminhada pelo Exmo. Ministro Ives Gandra, relator já designado para o julgamento do Dissídio de 2019 e que intercedeu para ocupar uma posição até então vaga na interlocução com o Sindicato, desta vez em circunstâncias sanitárias não vistas há muitas gerações.
Muitos descasos com a categoria e com a empresa se sucederam durante todo este processo. A negação de direitos adquiridos, a falta de defesa da instituição perante a MP 902, a ironia quase debochada com que se tratou a condição dos moedeiros, a recusa em tentar entender o papel da CMB perante o estado brasileiro, a proibição do exercício sindical in loco e a caprichosa imposição de vontades estritamente ideológicas formaram um ambiente negocial impróprio, para não dizermos impossível. Nenhum desses nefastos ingredientes, contudo, pode ser atribuído aos moedeiros.
Todos os empregados, cada qual à sua maneira e em intensidades diferentes, chegaram à tragédia pandêmica já psicológica e moralmente abalados, temerosos quanto a subsistência de suas famílias e sem qualquer perspectiva de respeito por parte da direção da empresa. A pandemia do COVID 19, universalmente sentida como a maior agressão sanitária à humanidade do último século, atingiu os moedeiros com maior crueldade, consideradas as condições de trabalho impiedosamente tratadas como futilidades, inclusive junto à opinião pública.
Unimo-nos diante deste conjunto de ofensas e repudiamo-las até o limite de nossas forças, mas é forçoso reconhecer que o implacável coronavirus e os demais combates que ainda estão por vir influenciaram decisivamente nossos caminhos. A COVID-19 e suas trágicas consequências reavivaram, além dos naturais sentimentos de autopreservação e de solidariedade, a preocupação e o compromisso adicionais com nosso destino, agora em um quadro em que a importância da CMB fica reestabelecida e despoluída de indesejáveis convicções filosóficas. A realidade se impõe e precipita a constatação do que seria inevitável daqui a poucos anos: o conteúdo público de nossas atividades.
Este caráter público, embora intuitivo para os moedeiros, traz graves crises lógicas para aqueles que sempre o negou, seja por mero apego ao discurso passado, seja pela inconveniência desta constatação para a missão que legitimou suas vindas. O tempo mostrará se, daqui em diante, a estrutura diretiva da CMB colherá alguma lição sobre a importância da nossa empresa para a sociedade e para o estado, cuidando com mais dedicação da defesa de sua existência como concebida, não como ocasionalmente imaginada.
De nossa parte, sabemos que as relações sindicais e sociais estabelecidas no âmbito de uma empresa pública como a CMB é bastante mais complexa. O ingresso de cada moedeiro se deve exclusivamente ao seu próprio mérito, aferido mediante sucesso em concurso público ou rígido processo seletivo amparado nas legislações vigentes no período anterior a exigência constitucional do concurso público. Certamente em nossos quadros há muito mais qualidades e habilidades que o somatório de todos que por aqui passam e tentam implementar suas fórmulas próprias ou que lhes são impostas.
O discernimento do moedeiro convocou-o, novamente, à nobre missão de não deixar a população ao desamparo, como infelizmente tem-se assistido todos os dias. Independentemente das angústias e sofrimentos, deliberou a categoria prevalecendo a grandeza e compromisso com a empresa a qual se dedica há muito tempo e dela faz sua forma de vida e subsistência. Afinal, sempre nos sacrificamos e o “jogo” jamais foi tão desfavorável para o trabalhador, atingido em sua vida e sempre pagando pelo preço de reformas e promessas que nunca se concretizam. Por algum motivo não confessado, ainda persistem as vozes (momentaneamente silenciadas pelo choque de realidade) que sustentam o trabalho digno como o inimigo de uma economia tão perfeita quanto utópica.
Assim, não há a ingenuidade ou ilusão de um armistício com quem quer espertamente nos abraçar com granadas; não há esquecimento dos motivos e os meios que antecederam ao atual desfecho; não há motivo para comemorar outra coisa senão a consciência de sabermos o que somos e representamos, muito além do que supõem os adversários do trabalho honrado.
Estamos em posição suficientemente lúcida para entendermos o quanto devemos nos preocupar com o olhar da sociedade, que sairá desta tragédia disposta a reexaminar todas as falácias que se abateram sobre os serviços públicos e sobre nossa existência. Mas é bem possível que não haja o menor respeito ao luto da nação e o bombardeio à nossa soberania monetária se reinicie brevemente, desta vez usando a redução do estado como a única alternativa para a “retomada do crescimento” que nunca existiu.
Os estudos para nossa privatização devem continuar sem maior transparência em um mundo bem distante da realidade. O BNDES, não por vontade da maioria de seus funcionários, continuará desempenhando um triste e egoísta papel de legitimador burocrático das privatizações, como forma de justificar sua efêmera existência neste indefinido modelo de sociedade. É provável que todas os insucessos futuros da CMB sejam imputados à categoria e utilizados como justificativa de uma incompetência que precisam nos atribuir. Nossos salários continuarão sendo obsessivamente questionados e comparados com as mais variadas e impertinentes atividades. Não importa, estaremos ainda atentos e unidos, pois o SNM seguirá representando a vontade da maioria, respeitando as posições contingencialmente minoritárias e buscando, incondicionalmente, a integração da categoria.
Estaremos sempre dispostos a aprender, inovar, discutir e nos adaptar às mais adversas condições que nos forem impostas. A assembleia do último dia 19, realizada de forma a preservar ao máximo a integridade da categoria, transcorreu com a mais absoluta lisura e seguindo todas as determinações oriundas do Ministério Público do Trabalho e demais centrais sindicais. A categoria escreveu mais um capítulo da história desta empresa, que será sempre lembrado nas respostas aos arrivistas que desejem nos desqualificar, a qualquer título.
Sim, houve frustração, cansaço, angústia e antagonismos nessa nossa longa caminhada. Mas sobretudo houve e haverá grandeza para ratificar o nosso inabalável lema, pois:
“JUNTOS SOMOS MUITO MAIS FORTES”
Att
Diretoria de Comunicação do SNM